terça-feira, 5 de maio de 2009

Paz no esporte

Caroline Machado
Daniela Mineiro
Patrícia Almada

Harmonia entre os povos no esporte

A paz é um conceito que está em pauta nas equipes esportivas

O esporte tem o poder de unir as pessoas em uma só direção. É uma atividade que uns praticam por diversão e outros, por profissão. Oferece benefícios à saúde e contribui para promover a participação social e a competitividade. “Promove também alguns valores humanos e universais, tais como a disciplina, o senso de equipe e de coletividade, a solidariedade, compreensão e a tolerância, os quais, em conjunto, contribuem para a cooperação e o estabelecimento da paz”. ( ZORNITTA, Fernando, 2006).

Desde a antiguidade, o esporte vem sendo buscado como forma de proporcionar paz e harmonia entre os povos. Os gregos, por exemplo, viam nos jogos olímpicos, além da religiosidade, uma maneira de integrar as civilizações. Porém, o que se vê no esporte nos dias de hoje, principalmente no futebol, não é bem o clima de paz. Torcidas organizadas se enfrentam antes e depois dos jogos, atletas mostram indisciplina dentro de campo e até presidentes de clubes se alfinetam perante a mídia.

Casos de brigas entre as torcidas organizadas se tornaram comum no dias de hoje. No dia 15 de fevereiro de 2009, um torcedor atleticano foi morto com um tiro no pescoço, em um ponto de ônibus, antes do clássico entre Cruzeiro e Atlético. O pior é que o tiro partiu de um torcedor da Máfia Azul, maior rival da Galoucura. Em entrevista ao Jornal O Tempo, o promotor José Antônio Baeta afirmou que medidas estão sendo tomadas para tentar controlar a violência nos estádios. A primeira delas é a delimitação de espaços nas arquibancadas para cada uma das torcidas. “Só poderá entrar no setor e usar a camisa da organizada, aquele que estiver no cadastro da torcida”, afirma.

O cadastramento de torcedores é uma das medidas que o Ministério Público (MP) vai adotar para tentar trazer a paz para o esporte. Outra ação, que já foi colocada em vigor, é a proibição da venda de bebidas alcoólicas no estádio, que tem como objetivo coibir a violência entre os torcedores. Uma pesquisa realizada no Mineirão mostrou que, após a implantação da medida, houve redução de 70% nos índices de violência.

O torcedor atleticano Rodrigo Oliveira, de 27 anos, afirma que sempre vai ao campo, mas procura ficar longe de confusão. “Vou a quase todos os jogos e sempre presencio atos de violência”. Oliveira, que não é integrante da Galoucura, acredita que a violência nos estádios está excessiva. “As pessoas já vão mal intencionadas para o campo. O pior é que não temos segurança nem lá dentro, nem do lado de fora”.

Outro exemplo bem comum na atualidade é a indisciplina de jogadores. No clássico mineiro do dia 26 de abril, o atacante cruzeirense Kléber, ao comemorar o gol, provocou a torcida alvinegra imitando um galo, símbolo do rival. O Ministério Público está analisando a atitude do jogador, que pode ser punido. Além disso, torcedores atleticanos estão ameaçando o atacante e garantem que querem matá-lo. Na comunidade do Galo no Orkut - site de relacionamentos -, milhares de comentários de torcedores alvinegros estão sendo investigados pelo MP, que garantiu que a atitude é criminosa e os responsáveis podem ser punidos.

Infelizmente, o fanatismo pelo futebol é tão grande que acaba gerando violência. Em uma escolinha de futebol do bairro Sion, os alunos aprendem que o importante não é vencer, mas, sim, competir. “Sempre os motivamos a levantar a cabeça depois de uma derrota. Em jogos, não cobramos muito deles, pois sabemos que são crianças e que não estão preparados para isso”, afirma o professor Arthur de Melo. Além disso, a escolinha mostra, a todo o momento, que violência não leva a nada. “Eles já sabem que tudo se resolve na base da conversa”, completa o professor.

De acordo com o site Futebol Interior, o ex-coordenador executivo da comissão do projeto “Paz no Esporte”, Marco Aurélio Klein, tem como objetivo acabar ou, pelo menos, tentar diminuir o pesadelo da frequente onda de violência nos estádios nacionais. “Quero, com o projeto, mostrar que é possível ir ao estádio sem correr o risco de sair ferido ao término de uma partida”. Durante dois anos, Klein lutou com sucesso contra a situação e conseguiu a criação de uma delegacia que resolve os problemas na hora e dentro do próprio estádio. Além disso, conquistou o direito de fazer o cadastramento das torcidas organizadas e criar o cargo de gerente de segurança em clubes que devem contar com câmeras para monitorar o movimento dos torcedores dentro e fora dos estádios.

A luta pela paz é exemplo também em países como a Inglaterra. Depois de muitas tragédias marcantes no futebol, como a morte de 96 torcedores do Liverpool, no estádio Hillsborough, diversos clubes passaram a pensar em maneiras de pregarem a harmonia e a paz no esporte.

Não precisamos ir tão longe para encontrar exemplos de violência, mas, além disso, de luta pela paz. Os estádios mineiros passam a ser, a partir de uma nova lei aprovada este ano, palco de torcedores conscientes de que paz e justiça fazem parte do bom futebol.

Violência em estádios: como dar exemplos de paz

Getty Images/Agência
O estádio do Liverpool ficou lotado para a homenagem

O esporte luta, atualmente, pela tranquilidade, harmonia e ausência de perturbações. Percebe-se que atos de violência acontecem, principalmente, em um tipo de esporte que é a paixão de muitos: o futebol.

No fim dos anos 80, os clubes da Inglaterra estavam banidos das competições europeias pelo mau comportamento dos torcedores do Liverpool, também conhecidos como Reds. A punição se deu em 1985, contra o Juventus, pois 39 pessoas, a maioria do Juventus, morreram prensadas contra um muro após tumulto iniciado pelos fãs do Liverpool.

Passado-se os anos, em 15 de abril de 1989, a Inglaterra viveu a maior tragédia da história de seu futebol. Dois times, Liverpool e Nottingham Forest, disputavam a fase semifinal da Copa da Inglaterra no estádio Hillsborough. Este estádio era conhecido por receber grandes partidas não só pela capacidade, 50 mil, mas, sim, pela existência de alambrados que separavam os torcedores dos jogadores.

Um elevado número dos torcedores do Liverpool compareceu à partida. Só que esse número passou dos limites, pois à medida que o jogo ia acontecendo, o pessoal que estava ao redor do estádio entrou pelos portões. Cerca de cinco mil pessoas adentraram ao mesmo tempo. Conforme iam entrando, começaram a esmagar outros torcedores que estavam encostados no alambrado, até que ele ceder. A superlotação do estádio levou à morte 94 torcedores do Liverpool no mesmo dia. Outros 766 ficaram feridos e outros dois morreram no hospital. O último a falecer, Tony Bland, morreu quatro anos depois da tragédia por estar em coma.

Vinte anos após o acontecimento, os times Liverpool e Chelsa prestaram uma homenagem, fazendo um minuto de silêncio e lembrando as vítimas deste acidente. Alguns afirmam que nesta tragédia houve descaso da polícia, pois, sabendo o que estava acontecendo, não fizeram muita coisa para impedir. Pelo contrário, fizeram um cordão de isolamento em volta do alambrado.

De acordo com o site Butuca Ligada, “o que essa falta de atitude revela é a anestesia aplicada pela violência cada vez mais reinante no futebol, temperada pelo individualismo exacerbado dos nossos tempos. Morrer indo ao estádio quase não causa mais surpresa ou estupor. É uma consequência direta. Extrema, mas plausível”.

A banalização da violência pode ser vista em todos os lugares, até mesmo no Brasil. Vários acidentes aconteceram e ninguém os lembra para mostrar que a paz no esporte é fundamental e sadia. O Brasil não consegue mostrar respeito ao passado e às tragédias ocorridas em nosso país, justamente por essa banalização da violência. Temos três exemplos: em 1992, três torcedores do Flamengo morreram ao cair da arquibancada do Maracanã. Na final da Copa João Havelange, de 2000, o alambrado de São Januário não resistiu e caiu devido à superlotação do estádio. Cento e sessenta e oito pessoas se feriram. O maior episódio ocorrido no Brasil foi o de Fonte Nova, em 2007, com sete mortos.

Com tantos fatos, o Brasil não promove a paz e nem relembra o que as famílias destes torcedores passaram devido à falta de organização dos estádios e à multidão que vai aos jogos somente para arrumar confusão. Atos de violência que comovem e entristecem o nosso esporte.

Atualmente, os clubes ingleses, depois da tragédia do Liverpool, melhoram seus estádios. Tiraram alambrados e os torcedores que adquirem ingressos têm que assistir aos jogos sentados. Os fãs que demonstram nervosismo são expulsos na hora da partida. Além disso, os times ingleses pregam a paz e salientam a importância de haver torcidas amigas depois do acontecimento.

A paz no esporte, especialmente no futebol, deve ser tratada de forma particular, com incentivos para que as torcidas se unam pelo bem comum: apreciar uma boa partida. Os torcedores e fãs devem ser estimulados a terem a paz como uma ausência de violência e guerra em qualquer tipo de situação, sendo desejada e almejada para cada pessoa, a fim de ter em mente que o que importa não é ganhar e, sim, competir.

Paz nos estádios mineiros

Reprodução
Torcidas organizadas de Minas tentam levar paz para os estádios

Esta semana, foi publicado, nos sites da Galoucura e da Máfia Azul, um mesmo manifesto, intitulado “Paz e Justiça, a nossa onda é torcer sem violência!”. O texto tem como objetivo desmistificar algumas opiniões polêmicas sobre as torcidas organizadas e demonstrar aos leitores e aos seus clubes de coração que elas lutam e torcem por paz e justiça, dentro e fora dos estádios.

Entretanto, atleticanos e cruzeirenses declaram em seus sites que não são inocentes em achar que não existe, entre seus integrantes, uma minoria de pessoas que não entende a filosofia de torcer e amar o clube em que depositam suas emoções, frustrações e esperanças. Porém, consta no manifesto, que inocente é quem acha que há somente gente sem compromisso e inescrupulosa em torcida organizada.

De acordo com o responsável pelo site da Máfia Azul, que se intitula Frances CMA, a violência não leva a nada, “fomos os primeiros a publicar o manifesto que as outras torcidas adotaram. Quem continuar a provocar brigas e badernas estará sujeito a ser extinto pelo Ministério Público, com certeza”.

Segundo a torcedora atleticana e integrante da equipe de Muay Thai da Galoucura, Elissama de Amar, a torcida organizada do Galo já vem se preocupando em manter a paz nos estádios antes mesmo da existência desta lei. Existe, por exemplo, a campanha contra o vandalismo ao transporte coletivo, em que o Conselho Administrativo da Galoucura tem como objetivo conscientizar a todos os componentes da torcida organizada sobre o respeito que devem ter com os ônibus que fazem o trajeto para o Mineirão, sendo especiais ou não. “Hoje, vândalos depredam os ônibus, deixando trabalhadores, estudantes, familiares e até mesmo o próprio imbecil que quebrou o ônibus sem o transporte para o dia seguinte”, afirma Elissama.

Volta e meia o futebol brasileiro é tomado por uma onda de violência e, de tempos em tempos, quase que como um ciclo, discute-se a paz nos estádios de futebol. O presidente Lula assinou, no mês de março, no Palácio do Planalto, três medidas para aumentar a segurança nos estádios de futebol: um projeto de lei que criminaliza a violência de torcedores, um decreto que amplia as exigências técnicas para funcionamento dos estádios e um termo de cooperação técnica para monitorar o acesso de torcedores. As propostas fazem parte do plano de ações para a Copa do Mundo de 2014.

“Dada estas explicações, viemos a público dizer que sempre orientamos nossos integrantes a respeitar o próximo e, principalmente, o adversário. Temos como bandeira a paz e justiça para todos, independentemente das camisas que vestem”, trecho do manifesto “Paz e Justiça, a nossa onda é torcer sem violência!”.

2 comentários:

  1. Tema: ESPORTE
    Adequação à Pauta (5): 5
    Abordagem (5): 5
    Adequação à Norma Culta (5): 4
    Copy do outro texto: JUVENTUDE (10): 9
    Observações
    -Nas citações, sempre que possível, preferir os padrões jornalísticos;
    -Concordância: “casos se tornaram comuns”;
    -jornal “O Tempo”;
    -No caso, preferir travessão sem a vírgula;
    -“Futebol Interior”: colocar o nome do site entre aspas;
    -Refazer: “Não precisamos ir tão longe para encontrar exemplos de violência, mas, além disso, de luta pela paz”;
    -Prefiram: “a Juventus”;
    -“Passados” e não “Passado-se”;
    -Trocar “sim” por “também, em função do “não só”;
    -“Até ele ceder” ou “até que ele cedesse”: adequar a oração;
    -Repetição: “fizeram”;
    -Melhorar a frase “Atos de violência que comovem e entristecem o nosso esporte”;
    -“Melhoraram” por “Melhoram”;
    -Recomendo retirar o ponto final depois de “Paz e Justiça, a nossa onda é torcer sem violência!”;
    -Evitar repetição da palavra “ônibus” na citação da Elissama de Amar;
    -Colocar um verbo dicendi antes de “um trecho...”, tipo “diz um trecho...”
    Nota Total (25): 23

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  2. Legal gostei do texto.
    Devemos torcer sem violencia ,precisamos manter a paz seja em qualquer futebol o importante é ter uma comemoracao sem violencia sem brigar.Temos que ser unidos a paz entre nos e o que importa ser feliZ.😊

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