terça-feira, 5 de maio de 2009

Paz no cinema

Cinema: um condutor para a paz?
Especialistas em diversas áreas discutem a
capacidade do cinema em provocar mudanças sociais



Henrique Naves, Priscila Souza e Rafaela Tolentino


Incrível. Em uma busca por filmes interessantes sobre o tema “paz”, acabamos por encontrar um dado, no mínimo, curioso. O IMDb (The Internet Movie Database), a “Bíblia” do cinema mundial, aponta 349 filmes que contém “peace” no título (entre nomes originais, traduções, curtas e longas-metragem, etc.). Qual não é nossa surpresa quando digitamos no mesmo IMDb a palavra “war”: existem 2021 títulos cinematográficos. A diferença tão discrepante tem motivo.

No auge do século XXI, a busca incessante pela paz é uma luta que aflige os mais diferentes povos e nações, em qualquer parte do mundo. O cinema, assim como as manchetes de jornais, no entanto, insistem em se atrelar em conflitos, guerras, assassinatos e todos os tipos de situações que afrontam a paz.

O cinema, também conhecido como a “Sétima Arte”, dá poder aos diretores para retratarem a situação em que o mundo se encontra. Tal situação pode ser apresentada de forma realista ou ficcional. São eles os responsáveis por abordar a realidade pelos mais diversos ângulos.

Sabe-se que, para que um filme tenha boa história, é preciso uma situação de “desordem”. No decorrer de um longa tradicional, o que estiver “fora do lugar” acabará “no lugar certo”, ou seja, em paz. Por estes motivos, abordar a “guerra” acaba sendo mais atraente, do ponto de vista do cineasta, uma vez que é a “desordem” que gera curiosidade e, então, bilheteria. É explicável, portanto, a pequena quantidade de filmes com o tema “paz”.

Para alcançar um estágio pacífico, presume-se que houve um momento de conflito antes: “A paz é o ‘objeto’ a ser buscado. A guerra aparece como um dos caminhos para atingi-la”, observa o professor de Jornalismo Cultural do Centro Universitário de Belo Horizonte, Leonardo Cunha.

Há quem defenda, contudo, a idéia de que os filmes contribuem para a promoção da paz. De acordo com a jornalista e mestranda em cinema pela Escola de Belas Artes da UFMG, Luiza Leite, “a indústria cinematográfica tem a função de emocionar as pessoas, mas, também, a de propor pensamentos a respeito do modo de vida da população. O filme “Cidadão Kane” é só um dos grandes exemplos do seu tempo que questionou o way of life dos norte-americanos de forma impactante. No Brasil, o filme “Tropa de Elite” foi responsável por mudar ou ampliar a percepção dos nativos sobre diversos âmbitos da sociedade. A corrupção dentro da polícia e a má gestão das corporações policiais são bons exemplos de como um filme pode restabelecer conceitos”.

O estudante de relações internacionais do Uni-BH, Rafael Pereira, concorda: “o cinema é um ponto de integração social voltado para o entretenimento e que proporciona reações semelhantes e debates saudáveis sobre diversos temas” declara. Rafael completa, ainda, que outra forma de se entender o cinema como “elemento promotor de paz” é a forma de abordagem de alguns filmes: “o interessante é que as próprias películas discutem questões sociais universais em evidência, como racismo (em “Duelo de Titãs”, por exemplo), conflitos étnicos (“Hotel Ruanda”), tráfico de drogas (“Traffic”, “Cidade de Deus”), guerras e atrocidades (“A Lista de Schindler”), além da própria natureza humana e seus diversos antagonismos (“Crash-No Limite”). Neste sentido, o choque entre as reações geradas pelos conteúdos e interpretações dos filmes (em especial, dos mais "pesados"), permite uma reflexão de valores morais em quem os assiste, sendo esse fato essencial para mudanças de mentalidade e atitude” analisa.

Em entrevista à revista “Bravo!”, o cineasta israelense especializado em documentários políticos, Avi Mograbi, confessou sua desilusão em relação ao poder do cinema em ser um condutor de mudança social, de promoção da paz: “Acho que a mudança social acontece em outros lugares e, algumas vezes, o cinema está lá para colher os frutos. Mas não acho que é o cinema que cria a mudança social ou a atmosfera para a mudança social” declarou. O diretor é um dos mais respeitados cineastas de Israel, principalmente por abordar de maneira crítica, em suas obras, como o povo palestino é tratado pelo governo do país.

A psicóloga Beatriz Souza Cruz alerta que os filmes deveriam mostrar mais o lado positivo da vida. De acordo com a psicóloga, as notícias negativas surgem e chocam a sociedade. Enquanto isso, o comportamento distorcido relatado nestas reportagens, acaba fazendo com que seja construída uma idéia de que o errado é, agora, comum: “Se o cinema passasse a divulgar sobre a importância dos valores humanos, aos poucos a humanidade iria se conscientizar que este poderia ser o caminho para se propagar a paz”.

A repórter de cinema do Union Web Revista, Luiza Villarroel, exemplifica a declaração de Beatriz, mostrando alguns filmes que podem colaborar para o estabelecimento da paz: “aqueles que mostram guerras nos desencorajam a ter atitudes tão promíscuas, como “O Pianista”, de Roman Polanski. Outros apresentam um lado romântico, bonito e até ilusório da sociedade, fazendo-nos apaixonar por algo que nem sabemos o que é. “Romance”, de Guel Arraes, faz isso.


Guerra, uma mensagem de paz


Bons roteiros, eficiência na performance dos artistas, efeitos visuais e sonoros, são os primeiros aspectos que cativam o público nos cinemas. Não pairam dúvidas que a “Sétima Arte” se revela extraordinária. Produções cinematográficas lançadas nos últimos anos revelam a capacidade que os cineastas possuem em escrever e dirigir filmes que levam verdadeiras multidões às salas de exibição. Os efeitos multifacetários das películas vão além do mero glamour. As formações de opinião e de comportamentos pacíficos também fazem parte do contexto do cinema.


A repercussão de determinados gêneros de filmes ultrapassam fronteiras. A ficção e a realidade, atreladas ao sucesso, provocam discussões calorosas por todo o mundo. Em decorrência da divulgação na mídia e das premiações, os longas se tornam pautas de discussão na vida das pessoas, no que se poderia chamar de efeito agenda setting.


As produções com o tema guerra retratam especialmente este fenômeno, por apresentarem, em sua grande maioria, fatos históricos e verídicos que se tornaram verdadeiros legados da humanidade. Ao explorar o lado emocional do público, através de elementos que apelam para o aspecto sensorial como músicas, efeitos especiais, dentre outros, pode-se observar que os filmes provocam as mais variadas reações, de perplexidade à comoção. Os conflitos armados, a violência, o caos, o drama e a barbárie trazem ao público, um leque de reações e percepções que podem ser extraídas para a realidade.


Um bom exemplo sobre isso é “A Lista de Schindler”, filme baseado no livro “Schindler's Ark”, de Thomas Keneally. A história consegue aproximar guerra e paz ao mesmo tempo em que o longa-metragem mostra o nazismo da forma mais crua. São mostrados massacres de judeus em grande número.


Em “O Resgate do Soldado Ryan”, observa-se o ápice do contraponto entre paz e guerra quando um grupo de soldados, ao desembarcar na Normandia, recebe a missão de resgatar, com vida, um soldado. Em sua produção, Steven Spielberg expõe todo lado nefasto da guerra com cenas de brutalidade, ao passo que transmite a necessidade do convívio harmônico e pacífico entre as nações.


Edward Zwick, diretor dos filmes “Diamantes de Sangue” e “O Último Samurai,” lançou, recentemente, seu último filme, “Um ato de liberdade”. Baseado em fatos, o longa mostra as ações de bravura de dois irmãos judeus que, ao fugirem da perseguição nazista, se escondem em uma floresta e lutam pela sobrevivência e liberdade.


Muitas produções cinematográficas, independentemente do gênero de que se tratam, podem ajudar na formação de valores e, portanto, ajudarem na promoção da paz. Nos roteiros variados há sempre mais de um lado, um viés pelo qual a repercussão de um filme pode causar na vida das pessoas. O cinema, sem dúvida, é um meio para conscientização de que a paz se faz necessária além da ficção, hoje e sempre.

Um comentário:

  1. Tema Cinema
    Adequação à Pauta (5) 5
    Abordagem (5) 5
    Adequação à Norma Culta (5) 3
    Copy do outro texto: FUNK (10) 8
    Nota Total (25) 21
    Observações:
    -Evitar a primeira do plural;
    -etc sem vírgula antes;
    -Concordância: contêm e não contém;
    -Concordância: o cinema insistem;
    -Repetição: O cinema;
    -Antes com dois pontos depois; desnecessário;
    -Idéia agora é idéia;
    -Aspas dentro de aspas é assim: ‘;
    -Quem questionou? O “tempo” ou “um dos grandes exemplos”? Atenção: vocês podem sim editar citações, a fim de corrigir inadequações ou ambigüidades como as que esta fonte disse;
    -Way of life em itálico;
    -Nativos?;
    -A citação da Luiza Pontes ficou grande;
    -Para evitar discussões sobre aposto, preferir: “Rafael Pereira, estudante de relações internacionais do Uni-BH, concorda”;
    -Vírgula antes do verbo dicendi: “, declara”, “, analisa”, ”, declarou”;
    -Repetição da palavra “forma”;
    -Antes da citação, troquem os dois pontos por ponto, ou coloquem travessão antes da fala;
    -Proibido separar o sujeito do verbo com vírgula: “o comportamento distorcido relatado nestas reportagens, acaba”. Parem com isso!;
    -Foto meramente ilustrativa: evitem;
    -Desnecessário o “a ter”;
    -Faltou fechar aspas na fala da Luiza Villaroel;
    -Na primeira frase da retranca, erro que não pode acontecer. Já que vocês não se perguntaram, eu pergunto: qual o sujeito de “são”?;
    -Concordância de número: “a repercussão ultrapassam”;
    -Itálico para “agenda setting”;
    -Preferir “da perplexidade à emoção”;
    -Tirar a vírgula de depois do “público” (risos);
    -Evitar repetição de “soldado”;
    -Quer dizer que não existem fatos na ficção?;
    -Evitar repetição: “ajudar”;
    Refazer a frase “Nos roteiros variados há sempre mais de um lado, um viés pelo qual a repercussão de um filme pode causar na vida das pessoas.”

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